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DAS TELAS AOS CINEMAS, DOS CINEMAS AS TELAS

DATA: DEZEMBRO|2023

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Por Beatriz Nardelli

levando pessoas de umas salas para outras

A “sétima arte“(1) teve início na França, no final do século XIX, utilizando técnicas que se tornariam icônicas, criadas pelos irmãos Lumiére. Os pais do cinema fizeram nascer a imagem em Movimento, cinema. Auguste e Louis Lumiére usavam o cinematógrafo para passar seus filmes, e pensavam que fazer isso não daria futuro. Hollywood pegou a ideia e começou a utilizar a técnica para fazer os próprios filmes e a aprimorou, criando também prêmios para as melhores criações do momento. exibida pela primeira vez em 1895, numa sala onde os espectadores da fabulosa arte estavam em pé! Auguste e Louis Lumiére usaram o cinematógrafo, um aparelho que associava as funções de máquina filmadora e projetor, para passar seus filmes e encantar a todos. Infelizmente, com o advento da guerra, os Lumiére venderam a tecnologia, e felizmente (na minha opinião), surgiu Hollywood iniciando a grandiosidade dos processos cinematográficos, ampliando as técnicas iniciais, e criando filmes que ficaram gravados na memória de muitos, além de fomentarem as premiações. Quem até hoje não espera com pipoca e pijama, para ver o glamour do tapete vermelho? Ir ao cinema era um luxo, e assistir a uma estreia era um espetáculo a parte. Pessoas bem vestidas, como numa festa elegante, esperavam a grande surpresa da noite, afinal é importante ressaltar que os filmes não eram lançados com tanta frequência quanto nos dias de hoje, e nem com tantas cores. Podem imaginas o susto em ver tudo se transformar, de preto e branco para colorido, no filme “O Mágico de Oz” (1939)? Fora que antes da exibição dos filmes, os cinejornais davam lugar ao imaginário do fronte, trazendo notícias da guerra, não tão frescas assim. Até Brasília possuía, no final da década de 50, suas próprias propagandas antes dos filmes. Com o tempo as salas de cinema ganharam outra cara, e com a chegada dos aparelhos de TV, as atenções “migraram” para dentro das casas. Os cinemas nunca deixaram de existir, porém, foi uma questão de tempo para que as nossas salas ficassem repletas por novelas e seus personagens, as boas músicas dos festivais, os programas de auditórios, as séries estrangeiras e desenhos animados. Os cinejornais, antes curtos e teatrais, receberam um horário nobre, transformando-se em noticiários com mais de uma hora de duração. Famílias inteiras se juntavam para assistir televisão, e o mundo chegou a parar em alguns momentos importantes de nossa história, como a chegada do homem a lua (1969), a morte do presidente norte americano John Kennedy (1963), com as “Diretas Já” (1983) - um dos eventos mais importantes no Brasil -, com a morte de Tancredo Neves (1985), e a partir do final dos anos 90, para assistir “o espetáculo” atroz das guerras. Claro, não posso deixar de colocar nesse texto as memoráveis novelas, que ao longo do tempo, fizeram para o Brasil, curioso para saber o final de Irmãos Coragem (1970), Anjo Mal (1976), Vale Tudo (1988), com a célebre pergunta: “quem matou Odete Roitman”, ou Avenida Brasil (2012), quando as redes.

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As inovações tecnológicas permitiram o aperfeiçoamento dos aparelhos de TV (de filmagem, e de tudo), e com o tempo novos equipamentos foram criados, como o VHS (ou vídeo cassete). Caixas com rolos de filme, antes vistos apenas no cinema e nos projetores caseiros, permitiram de forma simples a reprodução de filmes que antes estariam apenas nas telas de cinema, nas televisões, nas salas das casas. Logicamente a nova maravilha tornou-se popular em pouco tempo. E os cinemas? Não deixaram de existir, ou de manter seus lançamentos em dia. Locadoras de filmes foram criadas, e bastava ir a uma loja, achar o título de filme desejado, ‘’pegar emprestado’’ pagando uma taxa para levar para casa, e multas altas para quem não entregasse no dia certo, ou sem rebobinar o cassete antes devolver. Para os que desconhecem o ato de REBOBINAR. Explico. Era preciso rodar a fita até o início, colocando o “rolo de filme” para traz, rodando o filme ao contrário, para deixá-lo pronto para o próximo que alugasse. Uma coisa simples, mas que TODOS esqueciam de fazer, quando não pagavam as fitas, gravando sobre elas (1). Umas das mais conhecidas locadoras no mundo foi a Blockbuster, famosa até hoje. Suas lojas começaram a existir em 1985, e ofertavam além do aluguel de VHS, a venda de uma série de guloseimas que eram servidas nos cinemas, para os cinéfilos que quisessem levar para casa a mesma experiência. O tal filminho com pipoca e pijama do final de semana, ou o evento social com amigos. A sala de TV se transformou no espaço onde a tecnologia acontecia. Com a evolução de aparelhos (de novo), o vídeo cassete ficou obsoleto, ainda na década de 90, quando surgiram os aparelhos com Digital Versatile Disc, ou DVD, substituindo as fitas grandes e pesadas, por discos finos, que vinham dentro de uma caixa ainda mais fina, e com vantagens de não mais precisar rebobinar. E seguindo a sequencia de evoluções, um belo dia chegou o blu-ray, pijama do final de semana, ou o evento social com amigos. A sala de TV se transformou no espaço onde a tecnologia acontecia. Com a evolução de aparelhos (de novo), o vídeo cassete ficou obsoleto, ainda na década de 90, quando surgiram os aparelhos com Digital Versatile Disc, ou DVD, substituindo as fitas grandes e pesadas, por discos finos, que vinham dentro de uma caixa ainda mais fina, e com vantagens de não mais precisar rebobinar. E seguindo a sequência de evoluções, um belo dia chegou o blu-ray, e com ele não preciso contar que também surgiu um novo aparelho para a sua leitura, com novo formato, menor e ainda mais fino. Mesmo com tanta tecnologia possibilitando que filmes fossem vistos no conforto das salas de nossas casas, os cinemas continuaram vivos, pois os filmes demoravam para chegar nas locadoras. Muitas pessoas ainda frequentavam os cinema, aguardando ansiosos as novas exibições cinematográficas. Ainda na década de 90, a internet se popularizou, o que nos permitiu acessar filmes e séries pelo computador e TVs, por meio do uso do wi-fi. Mais uma vez a tecnologia superou as expectativas, agora os filmes, videoclipes, shows gravados ou até mesmo ao vivo, podiam ser baixados e assistidos pela internet, e novamente mais locadoras foram deixadas de lado, e os cinemas também estavam sendo menos utilizados. Agora haviam filmes que podiam ser alugados pela internet, mais locadoras foram à falência. Algumas outras empresas do gênero “alugue, leve, rebobine(risos), e devolva”, também nasceram na década de 90. Era um negócio lucrativo. Entretanto, algumas dessas empresas pensaram em formatos mais acessíveis de alugueis, e ao longo da década, formataram o que conhecemos hoje como streamings, sendo uma delas a NETFLIX. Numa única plataforma, e de onde desejasse - pois o acesso deu-se a partir de computadores, celulares, tablets, dentre outros -, foi permitido assistir filmes de estúdios variados, títulos diferentes e lançamentos recentes, sem precisar ir ao cinema, pagando para a plataforma, e assistir a partir do local escolhido. REBOBINE, POR FAVOR (BE KIND REWIND) Direção:Michel Gondry- 2008 nas locadoras. Muitas pessoas ainda frequentavam os cinema, aguardando ansiosos as novas exibições cinematográficas. Ainda na década de 90, a internet se popularizou, o que nos permitiu acessar filmes e séries pelo computador e TVs, por meio do uso do wi-fi. Mais uma vez a tecnologia superou as expectativas, agora os filmes, videoclipes, shows gravados ou até mesmo ao vivo, podiam ser baixados e assistidos pela internet, e novamente mais locadoras foram deixadas de lado, e os cinemas também estavam sendo menos utilizados. Agora haviam filmes que podiam ser alugados pela internet, mais locadoras foram à falência. Algumas outras empresas do gênero “alugue, leve, rebobine(risos), e devolva”, também nasceram na década de 90. Era um negócio lucrativo. Entretanto, algumas dessas empresas pensaram em formatos mais acessíveis de alugueis, e ao longo da década, formataram o que conhecemos hoje como streamings, sendo uma delas a NETFLIX. Numa única plataforma, e de onde desejasse - pois o acesso deu-se a partir de computadores, celulares, tablets, dentre outros -, foi permitido assistir filmes de estúdios variados, títulos diferentes e lançamentos recentes, sem precisar ir ao cinema, pagando para a plataforma, e assistir a partir do local escolhido.

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NETFLIX. Numa única plataforma, e de onde desejasse - pois o acesso se deu a partir de computadores, celulares, tablets, dentre outros -, foi permitido assistir filmes de estúdios variados, títulos diferentes e lançamentos recentes, sem precisar ir ao cinema, pagando para a plataforma, e assistir a partir do local escolhido. Em 2007 a Netflix decidiu evoluir suas ideias, criando uma plataforma com um preço único por mês, e acessível para assistir qualquer filme existente. Sabe a Blockbuster? Todas fecharam, exceto uma, no Oregon (EUA), que curiosamente permaneceu aberta até mesmo durante a pandemia de CONVID19. A tecnologia fez com que as locadoras perdessem sua vez, com poucos aluguéis, tiveram que fechar suas lojas por falta de clientes. Mas ainda existe uma Blockbuster que está ativa, localizada em Northeast Revere Avenue, Bend, Oregon, EUA.

''Na minha opinião, algumas produtoras estão com raiva ou medo de perder seus filmes para plataformas, pela facilidade de apresentação de conteúdos caros, que podem ser mais baratos em outras produtoras, por causa das plataformas de streamings, isso diminui a ida de filmes para as telas de cinema.''

Recentemente escutei uma história interessante sobre salas de cinema, e como os fatores envolvidos nas ofertas diferenciadas afetam a experiência em si. Em respeito, vou manter o nome desta pessoa em sigilo. Certo dia uma conhecida se interessou por um filme cult, recém lançado nos cinemas. Porém, ao pesquisar as informações sobre salas e horários, descobriu que era ofertado apenas por uma das muitas salas existentes em Brasília. Ela então partiu para a tal “sala única“, num shopping, pois, aqui, a oferta de salas de cinemas, em sua maioria, ocorre nestes locais. Na minha opinião, algumas produtoras estão com raiva ou medo de perder seus filmes para plataformas, pela facilidade de apresentação de conteúdos caros, que podem ser mais baratos em outras produtoras, por causa das plataformas de streamings, isso diminui a ida de filmes para as telas de cinema. Ao chegar no local, já na fila, percebeu que não havia tanta gente, e achou estranho, Dirigiu-se para o guiché vazio e pediu seu ingresse. Qual não foi a surpresa ao escutar o valor! Algo que se aproximava de R$150,00. Cabe dizer que certamente o rosto da nossa figura anônima demonstrou o susto pelo valor, única coisa pela qual não havia se atentado, até aquele momento. Calmamente ela respirou, olhou para trás, a fila aumentando, seu rosto enchendo-se daquele rubor típico de quando somos pegos de surpresa, e retirou o cartão da bolsa. A anestesia passou quando uma voz estridente perguntou: débito ou crédito? Débito, respondeu, sem pensar. Daí para a frente, ela só pensava no valor, e em quanto havia gasto para ver aquele filme. O FILME? Perdeu até a graça. Ela passou a seção inteira pensando no valor que gastou por um ingresso. E nem mesmo a poltrona especial, pipoquinha e os doces levados para ela, por um rapaz da bombonniere, em sua cadeira, a fizeram descansar e aproveitar o tão esperado filme! Ouvir esse história deixou claro duas coisas. Uma é o fato de que os cinemas ainda são caros, mesmo os ingressos em salas comuns. O segundo é poder afirmar que Umberto Eco está certo quando diz que a apropriação capitalista da cultura faz com que muitas pessoas deixem de usufruir o que nela contém (1979).

... Para autores considerados apocalípticos, de acordo com a classificação de UmbertoEco (1979), a cultura de massas tem destruído o valor artístico da obra de arte, pois ao servir aos ideais capitalistas do consumo, faz com que a manifestação artística valha quase que somente pelo seu potencial de comercialização...

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Por Beatriz Nardelli 

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