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DATA:15|05|2024

RÊNIO QUINTAS, O MAESTRO ROCK AND ROLL

Por Beatriz Nardelli

Rênio Studart Quintas, maestro, arranjador, compositor e um dos maiores ativistas da cultura brasiliese

Com formação acadêmica na Universidade de Brasília (UNB), é compositor, regente e professor, genial, irreverente, e cheio de histórias para contar. Rênio Studart Quintas, maestro, arranjador, compositor e um dos maiores ativistas da cultura brasiliense, Carioca, chegou em Brasília ainda criança. Com cinco anos de idade, no dia  21 de abril de 1960, ele estava com o pai, jornalista, que havia sido transferido e precisava cobrir a inauguração da nova Capital do país. 

 

Rênio sempre esteve próximo a música. Sua mãe, musicista, foi formada em um dos maiores conservatórios do Rio de Janeiro e seu pai, grande admirador de ópera, acordava ele e  a seus irmãos todos os domingos pela manhã com acordes melodiosos, como foi descrito pelo maestro, ‘’Meu pai era um fantástico consumidor de óperas, de Wagner, de Mozart, de todos, e tocava isso todos os domingos de manhã, a gente era acordado com aqueles acordes’’.

 

Quando criança percebeu-se o dom e a facilidade com a música, seus pais decidiram inscrevê-lo na aula da professora Neusa França, uma grande pianista de Brasília, entre os anos 60 e 90. Como ainda era um menino suas idas não aconteciam apenas para o aprendizado da música, mas também para se divertir, afinal preferia comer as cenouras do jardim de Neusa e subir nas árvores, do que tocar piano.

 

Em um momento de tristeza, aos quinze anos de idade  compôs a sua primeira sinfonia, e a partir daquele dia era só o começo de sua carreira, era na verdade um grande elemento para sua formação como músico, fazendo com que também ganhasse o quinto lugar com uma bela música no festival Ceubinho. Ainda na adolescência, o maestro aproveitava o tempo livre para jogar futebol e ficar debaixo do bloco tocando músicas, coisa de jovem, e contava com a companhia de seus amigos. A primeira vez que tocou um violão por conta própria, criou uma música e foi nesta mesma época da adolescência.

 

A partir da década de 70, ele começou a fazer formações instrumentais. Dando maior visão as suas canções e melodias, percebeu que precisava se aprofundar mais, então entrou na UNB, pelo curso de música preparatória, de lá foi para o departamento musical e se formou em 1988, tocando Bach em sua conclusão de curso ao vivo, se tornando regente. Aproveitando seu tempo, também aprendeu violoncelo e piano, além de saber ler e escrever músicas em partituras. Nessa época da faculdade ele já trabalhava com música, e teve o grande prazer de conhecer o Maestro Cláudio Santoro (um dos maiores compositores e maestros do país), que foi seu Mestre. Já formado, Quintas compôs diversas músicas, e foi regente junto ao Maestro Santoro, além de principal regente da orquestra sinfônica da UNB.

 

Em 1988 a UNB estava fechada, Rênio tinha formado uma banda, e eles ensaiavam na faculdade, então não tinham onde ensaiar. Um dia estava em um bar na frente da UNB com os amigos, o bar do poeta, conversando sobre as dificuldades que estavam enfrentando, com tudo o que estava acontecendo na época e que além da ditadura estavam sem lugar para ensaiar. Naquele mesmo dia um homem chegou para os Rênio e seus amigos dizendo que tinha um lugar para ensaiarem se eles tivessem interesse, todos disseram que sim.

 

O local era uma loja na Asa Norte, e por dentro havia um porão cheio de ‘’tralha’’. O homem os levou até lá e disse que iria fechar o bar, e o ofertou pois queria viajar, para que os amigos ficassem com o bar, o senhor impôs uma condição, limpar o local, e assim entregaria o bar ao Rênio e os colegas. Após a limpeza o ex - dono ainda deixou algumas caixas de cerveja para vender, e conseguir alguma renda para continuar fazendo o bar funcionar, e este dinheiro tinha que ser colocado em uma conta do banco que o antigo dono havia feito, sem documentos, sem nada.

 

Cafofo, o nome do bar que virou um sucesso, nas noites de Brasília tinha uma música instrumental de qualidade, MPB e outros estilos a mais. O bar começou a encher, e começaram a chamar o cafofo de Beirute do B.  Na entrevista com Quintas uma história interessante foi contada:

'’Eu sou músico também e tem uma banda, acabei de formar uma banda nova chamada Aborto Elétrico. Aí eu falei, Aborto Elétrico, que nome horrível. É, é pra ser feio mesmo, é pra chocar a burguesia, eu sou punk e formei essa banda agora, aí não tem um lugar pra tocar, não tem um lugar pra ensaiar, a gente tava na colina’'.

Algumas pessoas que se tornaram famosas tocaram no Beirute do B. como, Legião urbana, Capital inicial e Plebe rude, que foram moldados com a ajuda de Rênio. Cabe ressaltar que, o músico da banda na citação era Renato Russo que era líder da Legião urbana, o tal punk do Aborto elétrico.

Por Beatriz Nardelli 

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