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JAZZ EM BRASÍLIA

DATA:10/05/2024

O Ritmo que encanta a Capital Federal

Brasília é conhecida por sua arquitetura modernista e como centro político do Brasil, além de receber o título de capital do Rock devido às inúmeras bandas surgidas entre aos anos 70 e 80, que alimentaram o cenário nacional com ótimas músicas, como foi o caso da icônica Legião Urbana. Porém, faz alguns anos, a cidade vem se tornando uma das representantes de um gênero musical aclamado em todo o mundo, e que carrega em sua criação a história da transformação e da segregação do negro nos Estado Unidos, o Jazz. São festivais, bares e eventos musicais que transformam a capital com um ritmo vibrante e melancólico.

 

Historicamente, segundo o professor Oswaldo Amorim (Escola de Música de Brasília) e o Maestro e professor Rênio Quintas, acredita-se que o Jazz surgiu em Nova Orleans, nos Estados Unidos, a partir da mistura de ritmos variados, dentre eles o Blues Rural. Relacionado a música negra, o ritmo remete às melodias murmuradas pelos escravos, que levados às plantações de algodão, não podiam cantar ou se comunicar entre si, sabendo que os capatazes os puniriam. Por vezes as músicas, iniciadas a partir de vocalização, imitavam instrumentos que eram somados a alguns elementos extraídos dos cânticos africanos. Abolida a escravidão nos Estados Unidos da América, em 1863, e não havendo proibição sobre a expressão da música.

Como houve no Brasil em seguida da alforria, os negros passaram a utilizar os fragmentos dos cantos de mulheres e homens das lavouras, mesclando ritmos europeus e caribenhos, a polca europeia e o stride piano, denter outros, produzindo música, agora por meio do uso de instumentos de refugo das bandas do exército.

 

Cabe acrescentar que, com o passar do tempo o ritmo tornou-se popular para além dos redutos negros mais restritos, ganhando a admiração dos notívacos. O Jazz passou a ser tocado, em especial nos idos anos 30 e 40, por negros e também seus “discípulos brancos”. Estes últimos, inclusive, ganhando a cena, e por vezes ganhando ainda mais dinheiro que os negros, por serem donos das gravadoras. Num período de segregação racial, é preciso entender que os brancos gostavam de escutar os prórios brancos, e segregavam a música negra, mesmo que brancos e negros fossem um grande sucesso. 

 

Segundo Oswaldo Amorim, os anos 20 e 30 foram os que mais apresentaram influência na transformação do Jazz como música, onde foram acrescidos em sua composição instrumentos variados, que possibilitaram os vários tipos derivados deste estilo musical. Para o maestro Rênio Quintas, um dos mais importantes instrumentos, o piano, reverenciou as composições, sendo o instrumento com maior utilização para os momentos de composição das músicas apresentadas no período. O ritmo era tocado do Mississipi à Newcastle (norte da Inglaterra), em especial por jovens operários. O Jazz ganhou o mundo.

 

O jazz foi além das casas de shows, dos bares, e das grandes apresentações com as Big Bands. Segundo o professor Oswaldo Amorim e o Maestro Rênio Quintas, o jazz teve grande expansão mundial, chegando às trincheiras e aos frontes de guerra, levado pelo governo norte americano. O mundo todo foi influenciado por orquestras que tocavam na década de 40, como foi o caso da Orquestra de Glenn Miller com músicas como “In the mood” e “Moonlight Serenade”. 

 

A novidade não demorou a chegar no Brasil, onde até os dias de hoje pode ser escutada a Orquestra de Ray Conniff. Para o Maestro Rênio Quintas, “aqui começaram a criar formações no Rio de Janeiro, a Orquestra Severina Araújo e uma série de outras formações’’.

 

O jazz nos anos 20 chegou a ser definido pelos intelectuais da época como a “música do futuro” devido aos sons emitidos, que apresentava “o som e movimento essencial da idade da máquina", ou seja, “a melodia dos robôs”.  Entretanto, como afirmou Eric Hobsbawm, autor do livro História social do jazz, o efeito do jazz como ritmo novo, “no início dos anos 30, os músicos de jazz convidados costumam ser a principal atração em um espetáculo de variedades (como ainda acontece, ocasionalmente, no Olympia de Paris); Agora, a menos que o artista tenha predicados específicos para essa casas de espetáculos, ele geralmente toca apenas para o público de jazz.” O texto citado, foi revisado pelo autor no ano de 1958, quando decidiu parar de modificar a obra literária, para manter a sua originalidade.

 

Inicialmente grandes nomes do jazz difundiram-se como um dos ritmos mais profundos entre os criados no final do século XIX e  XX.  Dentre eles estão Louis Armstrong, Ella Fitzgerald, Ethel Water, Miles Davis, Glenn Miller e sua Big Band, dentre outros grandes artistas, sendo  compositores ou intérpretes.

 

A partir da década de 50, com as técnicas de rádio melhoradas, os discos e as televisões nas casas, o jazz começou a ser tocado em bailes e eventos, em especial para os que adoravam o ritmo, surgindo também pequenos filmes assistidos apenas pelos amantes do jazz.

O advento do Jazz no Brasil

Segundo o maestro Rênio Quintas o Jazz se popularizou no Brasil a partir da década de 50, onde novos ritmos também “aterrissaram” em terras brasileiras, tornando-se popular quase ao mesmo tempo que a Bossa Nova. “Com o advento da Bossa Nova começamos a sair daquela coisa da fossa, do bolero, do samba-canção, e a música da noite carioca se transformou, que era onde acontecia a noite brasileira, praticamente no Rio de Janeiro, a capital do Brasil”, explica. O maestro também relata como ocorreu este “namoro” entre a música do Brasil e a música nascida nos Estados Unidos. “A nossa música se misturou com a dos americanos de uma forma muito virtuosa. Eles se apaixonaram por nós e nós por eles, e aí culminou naquele famoso concerto no Carnegie Hall”, até hoje uma das mais importantes salas de concerto no mundo, localizada em Manhattan, Nova York, é ainda hoje é uma das maiores casas de espetáculos do mundo’’, diz. 

 

Segundo a ANPUH/SP(Associação Nacional de História de São Paulo), com a entrada do Jazz no Brasil o ritmo se popularizou e passou a fazer parte da nossa cultura. Na década de 50 era comum ter grandes festas em salões de bailes embaladas pelo Jazz. Muitas dessas festas eram dadas em Clubes e Associações pertencentes às elites, além dos festivais que começavam a ser aclamados. 

 

Nos dias atuais o jazz não vem tendo o mesmo destaque das décadas passadas. Podemos pegar como exemplo a cidade de Brasília, onde não temos clubes de jazz ou grandes festivais de forma permanente, como exemplo disso, o festival bb seguros de jazz que ocorreu no parque apenas realizado para a semana do aniversário da capital federal. Para celebrar este momento raro, astros como Arturo Sandoval, Hermeto Pascoal, dentre outros participaram deste evento para a emoção dos amantes do ritmo. Para o entrevistado Paulo Silva, morador do plano piloto, seria interessante ter um clube fixo de jazz em Brasília, especialmente para quem curte o ritmo e uma das músicas que ele mais curte em especial é, Summer Time, ‘’uma das músicas mais bonitas de todos os tempos.

ENTREVISTADOS

Oswaldo Amorim

Rênio Quintas

Paulo Silva

Por Beatriz Nardelli e Rebeca de Carvalho

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